Meus caros conterrâneos amigos e
leitores
Ao longo dos anos fui tendo
muitas conversas com o nosso querido conterrâneo Manuel Esteves sobre o assunto
do forno dos figos na ladeira. Dizia-me ele para não deixar passar o tempo,
pois a idade estava a avançar e ele queria levar-me ao local.
O assunto foi se protelando, o
amigo Esteves acabou por falecer com mais de 100 anos, sem que concretizasse os
meus objectivos.
Felizmente, a Digníssima
Arqueóloga da Divisão de Urbanismo da Câmara Municipal de Bragança, facultou-me
os elementos e com a devida autorização hoje aqui partilho com todos aqueles
que seguem este meus/vosso espaço virtual a realidade e estado de conservação
do referido forno, bem como toda sua história.
O forno era aquecido com estevas
e carrascos, até ficar rojo. Após varrer as brasas, sobre placas de cortiça
para evitar a assadura, eram então colocados os figos no interior do forno para
perder a humidade. Posteriormente acabavam de secar ao sol, sobre panos
brancos, expostos em varandas e por fim polvilhados com farinha.
Os figos secos sempre foram um elemento
de excelência na alimentação, conservavam-se ao longo do ano. Eram degustados
com regularidade nos mata-bichos, acompanhados de um copo de aguardente. Quem
não se lembra?
Dadas as melhorias de condições
de vida das populações, com mais facilidade de acesso aos bens de consumo,
ditaram o desuso destas estruturas, pelo que, actualmente, apenas fazem parte
da memória dos mais antigos.
De referir que toda esta zona
proliferavam figueiras em abundância. Actualmente em extinção dado seu abandono.
Um pouco à memória do nosso saudoso Manuel Esteves e
agradecendo a gentileza da Drª Clara André, permitam-me que ilustre com uma foto
do forno e do seu utilizador.