2 de março de 2013

HONRA AOS VIVOS SEM NUNCA ESQUECER OS MORTOS

Meus caros leitores, amigos e conterrâneos

Viver o presente é para mim um lema de vida. Acontece, que hoje decidi registar neste meu/vosso espaço, algumas considerações sobre pessoas que me são queridas, por quem nutro um profundo respeito e admiração.

Sendo assim, vou hoje postar quatro ilustres conterrâneos, que ao longo da sua vida têm sido exemplos para todos nós, trata-se dos Senhores Manuel Esteves, Francisco Marcolino e das Senhoras, Beatriz Gonçalves e Amália Gonçalves.

O Sr. Esteves, encontra-se hoje com 99 anos de idade. Homem trabalhador, natural da nossa aldeia, oriundo de família numerosa, também ele constituiu um agregado familiar extenso. Ao longo da sua vida sempre trabalhou no campo, envolto pela mais pura natureza, lá para as margens do nosso Rio Sabor (ladeira).

É bom para nós constatar a longevidade desta personagem, sabendo que não existia assistência clinica, ausência total de medicamentos, mas a verdade é que o tio Esteves pertence ao mundo dos vivos e que DEUS o conserve por muitos anos. Homem acarinhado pela sua esposa e filhos vive hoje privado de conviver com o seu mundo (ladeira) por impossibilidades físicas, mas estou certo que conhece a palmo todos os recantos desta área do nosso território.

Um dia, manifestei ao tio Esteves a intenção de fotografar um forno onde diziam que se secavam os figos, existente na ladeira, pedindo-lhe para me orientar para a sua localização. Ele respondeu-me: Eu levo-te lá até com os olhos vendados. Isto é elucidativo do grau de conhecimento deste homem. O Esteves, astuto, pescava, caçava, alimentava-se de produtos totalmente biológicos.

Ao tio Esteves, é assim que o trato, lhe peço que me permita deixar aqui registado este pequeno texto dizendo-lhe, gosto muito e tenho elevada consideração por si.

Bem junto a esta personagem, encontra-se a Beatriz Gonçalves, mulher de grande generosidade, com os seus 94 anos, sempre alegre e bem-disposta.

Esta Senhora, apesar da sua idade, mantem uma força incrível, percorre as ruas da aldeia, desloca-se a todos os eventos, atividades religiosas, culturais, lazer etc.

Ao longo da vida constituiu uma família numerosa, criou os filhos, trabalhou arduamente. O seu marido o tio Cassiano, possuía a profissão de carpinteiro e como tal, não a podia ajudar nos trabalhos do campo. Com os seus filhos que criaram condignamente, lutou pelo seu bem estar, conseguindo manter a família com a dignidade devida. De todos tenho o privilégio de ser amigo. Sempre que me desloco a Parada, encontro a tia Beatriz alegre e bem-disposta.

Por tudo quanto acabo de descrever, quero felicitar os seus filhos pela maravilhosa mãe que possuem, continuem a dispensar o afeto e carinho que ela bem merece.

Desde miúdo, me habituei a lidar com um Sr. Francisco Marcolino, oriundo da freguesia vizinha Grijó, casado com a Srª Guilhermina. Este homem de alta craveira intelectual e aguerrida capacidade de trabalho havia de criar um património económico que gerou riqueza à nossa aldeia e todas quantas nos rodeiam.

Desde muito novo me mostrei interessado em saber a realidade de vida dos habitantes da minha terra. Com alguma regularidade, diversas pessoas me iam esclarecendo. A população vivia da atividade agrícola, trabalhavam nas minas, exploração atualmente desativada.
É assim, que o Sr. Marcolino, inicia a sua atividade, praticamente do zero, começa com um pequeno comércio, vai crescendo desenvolvendo o seu negócio, dava trabalho a muita gente, comercializava os produtos agrícolas, cereais, batatas, azeite, enfim tudo o que a esta atividade estava ligado, recordo os fertilizantes (adubos) e mais tarde materiais de construção.
É verdade que criou riqueza, mas sempre trabalhou muito e soube administrar os seus bens. Não posso negar que desde muito novo me ligam fortes laços de amizade com ele, pois sempre teve carinho por mim, mesmo em fazes difíceis da minha vida, senti o seu apoio e consideração. Felizes filhos que possuem este pai. Que sempre o saibam honrar.

Para ele, eu desejo que a sua vida se prolongue por muitos anos, com saúde e aconchego familiar, bem merece. Eu, fiz uma visita recente, achei-o com muito bom aspeto, conversamos e ele transmitiu-me que a mesmo com os seus 97 anos se sente com força, sai de casa com frequência a dar as suas voltas, sempre acompanhado pela sua competente empregada Dª Rita.

Para finalizar este meu modesto texto, menciono a Amália Gonçalves de 95 anos que é uma mulher que mesmo tendo 95 anos, apresenta uma excelente forma física e mental. Para escrever alguns comentários, devo referir que se trata de alguém a quem estou ligado por laços familiares e que ao longo da minha vida sempre gostei muito dela.

A Amália tem três filhas maravilhosas. A Lurdes, Curina e a Neves. Sei que atualmente se encontra em França na companhia da Lurdes, mas como podem verificar na foto que vos exponho está com um excelente aspeto.

A vida da Amália, pautou-se pelos parâmetros que atrás descrevi, pois a vida do campo obrigava a grandes desgastes físicos. Esta era a vida rural por onde a esmagadora maioria da população deste Nordeste transmontano passava.

O conceito família sempre teve um significado especial, a minha dedicação à Amália foi sempre forte. Guardo comigo os motivos que me levam a pensar assim. Sempre me relacionei bem com todos/as, respeito muito estes laços, pois fortalecem-nos nos bons e maus momentos. É na família onde vamos procurar abrigo quando passamos por dificuldades.

Às filhas, apelo que continuem a prestar todo o carinho, sei que elas comungam dos meus sentimentos porque as conheço muito bem.

Ao fazer este meu texto, tive sempre presente sentimentos que julgo comuns a todos os meus conterrâneos e leitores. Quero na pessoa destes quatro ilustres conterrâneos honrar todos os nossos idosos, na certeza que ao fazê-lo devemos elevar o nosso pensamentos para todos os que partiram honrando-os tal como eles nos merecem.

Todos os anos me desloco à nossa querida terra no dia 1 de Novembro, é com muito agrado que verifico a afluência na visita a cemitério, lembrando os que partiram.

Ao registar este assunto neste espaço, pretendo perpetuar no tempo a lembrança contínua que todos nos merecem.

Manuel Afonso (Manuel Silvino)

8 comentários:

Neves Pereira disse...

Lindo lindo , o Manuel merece elogios por tudo quanto publica sobre a nossa querida terra!..

João Machado disse...

Caro Manuel! Estas 4 personagens reais, todos elas com quase 100 anos de idade, da nossa terra, que tu cararcterizas de uma forma autêntica e verdadeira, representam a riqueza humana da nossa querida Parada de Infanções. Essas pessoas, com histórias de vida diferentes são como um tesouro histórico. Elas guardam em si testemunhos de grande riqueza e que tu, com o teu trabalho transmites de forma perfeita às gerações mais recentes. É também uma grande homenagem a todos eles, pois bem merecem... Aprecio com estima e consideração o teu magnífico trabalho... Parabéns... Continua... Um Abraço

João Machado disse...


Caro Manuel! Estas 4 personagens reais, todos elas com quase 100 anos de idade, da nossa terra, que tu cararcterizas de uma forma autêntica e verdadeira, representam a riqueza humana da nossa querida Parada de Infanções. Essas pessoas, com histórias de vida diferentes são como um tesouro histórico. Elas guardam em si testemunhos de grande riqueza e que tu, com o teu trabalho transmites de forma perfeita às gerações mais recentes. É também uma grande homenagem a todos eles, pois bem merecem... Aprecio com estima e consideração o teu magnífico trabalho... Parabéns... Continua... Um Abraço

Lima sandrine disse...

Parabéns ao Manuel por todas estas coisas maravilhosa

Silvia RODRIGUES disse...

Um trabalho admiravel do nosso amigo Manuel, que nos faz lembrar sempre as nossas origens, muito obrigada....

Sofia de Brito. disse...

Gostei muito do texto,e concordo que os mais idosos e experientes devem ser acarinhados e relembrados constantemente,pois são eles a memória viva do nosso passado. Com carinho da Sofia ( neta da Amália ).

Pedro Miranda Esteves disse...

O tio Esteves é o meu avô, gosto muito dele. Já agora, Manuel Afonso,
o meu pai disse-me que me queria conhecer. =)

Pedro Miranda Esteves disse...

O tio Esteves é o meu avô, gosto muito dele. Já agora, Manuel Afonso,
o meu pai disse-me que me queria conhecer. =)

PARADA - Lar, Doce Lar - Meu Berço e meu Refúgio

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A mesma Parada vista por dois olhares